domingo, 1 de junho de 2008

Com este trabalho pretendemos demonstrar o quanto os primeiros socorros são um elemento essencial à formação básica do individuo e sua integração na sociedade.
Assim serão apresentadas competências essenciais para prestar auxílio imediato às vítimas de acidentes e mal súbito, mantendo-a com vida até a chegada de auxílio competente, reduzindo complicações por atendimentos totalmente leigos e intempestivos.

SIEM
Em situações de doença súbita e acidente, os cuidados imediatos podem ser garantidos por qualquer pessoa com formação em Socorrismo.

É no entanto necessário, para além do 1º socorro, que alguém accione uma ambulância.

SIEM é definido como: Intervenção activa dos vários elementos comunitários, individuais e colectivos, sejam eles extra-hospitalares ou hospitalares, programados de modo a possibilitar uma acção rápida, eficaz e com economia de meios, em situação de doença súbita, acidente ou catástrofe, cujo objectivo final é o restabelecimento total da vítima
.

Fases Fundamentais do SIEM

1. Detecção: momento em que alguém se apercebe da existência de uma ou mais vítimas de acidente ou doença subida;
2. Alerta: contactar o número nacional de emergência (112) ou de qualquer outro meio, dando conta da ocorrência anteriormente detectada;
3. Pré-Socorro: conjunto de gestos simples de socorrismo básico, normalmente executados por socorristas formados no seio da população e que são mantidos até à chegada de meios de socorro mais especializados;
4. Socorro: conjunto de gestos de socorro complementar executados pelos tripulantes de ambulância e que visam a continuação da estabilização da vítima ou doente;
5. Transporte: desde o local onde ocorreu a situação de emergência até à entrada no estabelecimento de saúde adequado e definitivo, garantindo ao doente a continuidade da prestação de cuidados de saúde;
6. Tratamento hospitalar: após a entrada no estabelecimento de saúde, SAP ou hospital mais próximo, a vítima é avaliada e são iniciadas as medidas de diagnóstico e terapêutico com vista ao seu restabelecimento.

Objectivos do SIEM

- Chegada rápida ao local da ocorrência;
- Estabilização da vítima ou doente no próprio local;
- Transporte adequado do sinistrado ou doente;
- Tratamento adequado a nível hospitalar, estando prevista a possibilidade de transferência para um hospital mais diferenciado que garanta os cuidados definitivos.


Intervenientes do SIEM

- Público em geral;
- Operadores das centrais de emergência;
- Agentes da PSP/GNR;
- Bombeiros;
- Cruz Vermelha Portuguesa;
- Tripulantes de ambulância;
- Médico e enfermeiros, quer em trabalho pré-hospitalar quer hospitalar;
- Pessoal técnico e auxiliares de acção médica dos hospitais;
- Pessoal técnico na área das telecomunicações e informática.


IMPORTANTE!!!
Em situações de emergência é fundamental manter a calma e ter em mente que a prestação de primeiros socorros não exclui a importância de um médico.

Não esquecer que um atendimento de emergência mal feito pode comprometer ainda mais a saúde da vítima.
Princípios Gerais do Socorrismo
São 3 os princípios que regem toda a actuação do socorrista, Prevenir, Alertar e Socorrer.

O objectivo da Prevenção é diminuir o número de acidentes ou, na impossibilidade de os impedir, minimizar as suas consequências.

O Alertar destina-se a chamar para o local do acidente, pessoal especializado na sua estabilização e no transporte da (s) vítima (s) para um centro médico de urgência.
O socorrista actua essencialmente no local de acidente providenciando a chamada de socorros especializados, devendo nunca abandonar a(s) vítima(s). Devem ser fornecidas as seguintes informações no decorrer chamada de emergência:

1. Local exacto do acidente;
2. Número de vítimas e o seu estado;
3. Idade aproximada da (s) vítima (s);
4. Possibilidade de existência de factores agravantes, tais como:
- Perigo de Incêndio;
- Perigo de Explosão;
- Vítimas Encarceradas;
- Afogamento;
- Acidentes Eléctricos.
Plano de Acção do Socorrista

Chegando ao local do acidente o socorrista deve:


Prevenir/Proteger
Afastar o perigo da vítima ou afastar a vítima do perigo.


Alertar
- Observar o local e a (s) vítima (s);
- Interrogar a (s) vítima (s) e/ou a (s) testemunhas (s).



Socorrer

Socorro essencialSituações prioritárias em relação a todas as outras, quer na prestação do Primeiro Socorro, quer na evacuação para um centro hospitalar, uma vez que comprometem a vida da (s) vítima (s).

Alterações cardio-respiratórias
Choque
Hemorragia
Envenenamento

Socorro secundárioSituações que devem ser socorridas depois das situações de socorro essencial (ACHE) estarem estabilizadas. Necessitam, no entanto, de vigilância constante pois o seu estado pode agravar-se, evoluindo para uma situação de socorro essencial, nomeadamente o choque.


Evacuar
A evacuação competirá aos tripulantes de ambulância (levantamento e transporte).

Exame Geral da Vítima

  • Exame Primário

    Avaliação do grau de consciência

    O socorrista deve iniciar a sua abordagem pela determinação do grau de consciência. Nas vítimas conscientes deverá avaliar o grau de lucidez / obnubilação / desorientação temporal e espacial.

    Na avaliação do grau de consciência deve:

    1. Abanar levemente a vítima, ao nível dos ombros.
    2. Falar com a vítima, questionando-a: “Está a ouvir-me? Está a sentir-se bem? Sabe onde está? Como se chama? Que dia é hoje? Que horas são?”



    Avaliação da função ventilatória

    O socorrista deve VER os movimentos do tórax e abdómen, OUVIR o ar a entrar e sair das vias aéreas e SENTIR o ar expirado da vítima, encostando a sua face ao nariz e boca da vítima. No caso da ventilação estar presente, o socorrista deve avaliar a sua frequência (nº de ciclos ventilatórios/min.), a amplitude (superficial ou profunda) e ritmo (regular ou irregular).


    Avaliação da função circulatória

    O socorrista deve procurar a existência ou ausência de pulsação arterial, pesquisando-a ao nível do pescoço, na artéria carótida (para adultos e crianças), ou ao nível do braço, na artéria umeral (para bebés), utilizando sempre o dedo indicador e o médio (nunca o dedo polegar pois este tem pulsação própria).
    No caso de existência de pulsação o socorrista deve avaliar a sua frequência (nº de batimentos/min.), a amplitude (fraco ou forte) e ritmo (regular ou irregular).

Abordagem da Vítima

Confirmar a segurança no local, sacudir suavemente os ombros da vítima perguntando-lhe ao mesmo tempo e em voz alta “Está a sentir-se bem?”


Se a vítima responde ou se move:

1. Deixe-a na posição em que a encontrou, desde que isso não represente perigo acrescido e verifique se há sinais de ferimentos;
2. Reavalie-a periodicamente e peça ajuda se necessário.


Se a vítima não responde:

Peça ajuda, gritando se necessário, e mantenha a via aérea desobstruída.

1. Desaperte a roupa à volta do pescoço, tórax e abdómen;
2. Vire a cabeça de lado e desobstrua a boca removendo corpos estranhos, incluindo próteses dentárias soltas, mas deixando as dentaduras que estão bem ajustadas na sua posição normal;
3. Coloque a sua mão no cimo da testa, exercendo pressão para inclinar a cabeça, mantendo o polegar e o indicador livres para tapar o nariz, no caso de ser necessário praticar ventilação artificial;
4. Levante o queixo pela ponta. Esta manobra em conjunto com a manobra descrita em 3 designa-se por extensão da cabeça, não devendo ser executada em caso de suspeita de lesão cervical.


Observe, ouça e sinta ventilação:

1. Observe os movimentos do tórax;
2. Ouça junto da boca os sons ventilatórios;
3. Sinta na sua face o ar expirado pela vítima;
4. Observe, ouça e sinta durante dez segundos, antes de concluir pela ausência de ventilação.

Avalie os sinais de circulação

Actualmente, o método mais rápido e seguro para as pessoas que se estão a iniciar no estudo do Suporte Básico de Vida determinarem a presença de sinais de circulação, ou seja, sinais de actividade cardíaca eficaz, consiste na avaliação da presença de respiração espontânea, tosse, deglutição e movimentos, particularmente como resposta à insuflação de ar expirado, nas vias aéreas superiores.

Socorro Geral

Se a vítima não responde e ventila:

1. Peça a alguém que telefone a pedir ajuda (112);
2. Mantenha-a sob observação atenta, certificando-se de que ventila livremente;
3. Se não houver risco de agravar uma lesão, coloque a vítima em posição lateral de segurança.

Se a vítima não ventila, mas tem sinais de circulação:

1. Num adulto, e após garantida a segurança no local, peça a alguém que telefone a pedir ajuda (112);
2. Inicie de imediato a ventilação artificial. Para tal coloque a vítima de costas. Em caso de traumatismo cervical role-a cuidadosamente e sob tracção;
3. Assegure-se de que a cabeça está em extensão e o queixo levantado. Em caso de lesão cervical deve ser utilizada a técnica de elevação da mandíbula;
4. Aperte o nariz entre o indicador e o polegar, de modo a que fique bem, vedado;
5. Inspire profundamente e coloque os seus lábios à volta da boca da vítima, certificando-se de que não há fugas de ar;
6. Insufle lentamente e por duas vezes consecutivas, para o interior da boca da vítima, observando a expansão do tórax. Cada insuflação completa deve demorar cerca de 2 segundos;
7. Mantendo a cabeça em extensão e o queixo levantado, afaste a sua boca da vítima e verifique que o tórax se esvazia com a saída do ar;
8. Inspire profundamente mais uma vez e repita a sequência dos movimentos até 10 a 12 insuflações. Isto deverá demorar cerca de um minuto, ou seja, o intervalo entre as insuflações é de cerca de 4 a 5 segundos;
9. Perante uma criança com menos de 8 anos, uma vítima de traumatismos, de afogamento ou de intoxicação por drogas, e quando se encontra sozinho, pode retardar o pedido de ajuda para o 112 após um minuto de manobras de Suporte Básico de Vida;
10. Após esta chamada de socorro, volte para junto da vítima e, como inicialmente, reavalie o grau de consciência, ventilação e sinais circulatórios. Se os sinais circulatórios estão presentes, continue apenas com a ventilação artificial e verifique sinais de circulação após cada 10 insuflações, praticando as compressões torácicas se não houver sinais circulatórios.

Se a vítima não tem sinais de circulação:

1. Num adulto ou em criança com mais de 8 anos, após garantida a segurança do local, telefone a pedir ajuda, ou então peça a alguém que o faça;
2. Coloque a vítima de costas; em caso de traumatismo cervical role a vítima cuidadosamente sob tracção. Certifique-se que se encontra sobre uma superfície lisa e firme;
3. Abra a via aérea fazendo a extensão da cabeça e levantando o queixo, ou eleve a mandíbula se houver lesão cervical;
4. Faça duas insuflações eficazes de ar expirado. Cada insuflação deve demorar cerca de 2 segundos;
5. Inicie as compressões torácicas. Para tal, usando os dedos indicador e médio, localize o bordo inferior da grelha costal;
6. Mantendo os seus dedos unidos, localize o ponto onde as costelas se unem, no apêndice xifóide. Com o dedo médio no apêndice xifóide, coloque o indicador logo acima, no corpo do esterno;
7. Coloque a base da outra mão logo acima do indicador, apoiada na porção média da metade inferior do esterno;
8. Coloque a base da primeira mão sobre a outra e entrelace os dedos das duas mãos para assegurar que a pressão não é exercida sobre as costelas;
9. Debruce-se sobre o tórax da vítima, com os braços posicionados verticalmente e bem esticados, exercendo pressão sobre o esterno e provocando uma depressão do tórax de cerca de 4-5 centímetros, aplicando apenas e só a pressão suficiente para atingir este objectivo. Nunca permita que as mãos abandonem o contacto com o tórax da vítima;
10. Tente que o tempo gasto na fase de compressão e na fase de descompressão seja igual;
11. A frequência de compressão num adulto deve ser de 100/min;
12. Combine a ventilação com a compressão, de modo a que o sangue ao circular artificialmente esteja devidamente saturado com oxigénio, de acordo com a seguinte sequência:
- Após cada grupo de 15 compressões deve proceder a 2 insuflações com a cabeça em extensão e o queixo levantado. Deve existir apenas o intervalo mínimo entre a sequência de 15 compressões e 2 insuflações;
13. O método é igual em qualquer circunstância, quer seja aplicado por um ou dois socorristas em simultâneo.






Execução da Posição Lateral de Segurança (PLS):

1. Peça a alguém que telefone a pedir ajuda (112);
2. Ajoelhe-se ao lado da vítima com um dos joelhos ao nível da linha inter-mamilar e o outro ao nível da linha umbilical;
3. Mantenha a via aérea permeável através de uma correcta extensão de cabeça e da lateralização da mesma para o lado onde se encontra o socorrista;
4. O membro superior da vítima do lado do socorrista deve ser articulado pelo nível do ombro e colocado para junto da cabeça de modo a ficar ao seu lado;
5. As mãos do socorrista vão pegar nos membros do lado oposto da vítima, procurando situar uma ao nível do antebraço, evitando fazer quaisquer rotações deste, e a outra por debaixo do joelho, fazendo com que esta articulação fique em flexão;
6. Com os seus joelhos bem fixos no terreno, o socorrista puxa suavemente naqueles pontos de modo a que a vítima fique em decúbito lateral, apoiando-a se necessário com as coxas, até que a estabilidade final da posição seja conseguida.

Esta posição deve respeitar o seguinte:

- Ser estável;
- Evitar a flexão lateral da região cervical;
- Permitir uma boa observação e acesso à via aérea;
- Manter uma boa drenagem de fluidos pela boca;
- Permitir uma boa distensibilidade pulmonar;
- Manter uma boa patência à via aérea;
- Poder voltar a vítima com facilidade para decúbito dorsal.






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