domingo, 1 de junho de 2008

Estado de Choque

Há uma grande influência para ligar “shock” ou choque, com uma hemorragia súbita, com um acidente vascular cerebral ou com um ataque seja ele qual for. Também se chama choque à passagem de corrente eléctrica pelo corpo humano.

Conceito

O choque designa geralmente um estado de colapso do aparelho cardiovascular ou, melhor dizendo, a consequência de uma falência circulatória periférica generalizada, com perfusão tecidular inadequada.
Quando o transporte de O2, de nutrientes e produtos de excreção falha por diminuição da velocidade de circulação ou por falha do veículo de transporte, há perfusão inadequada com falência circulatória periférica generalizada: há choque.

Sinais e sintomas

Palidez;
Diminuição da temperatura corporal;
Pele húmida, e muitas vezes, viscosa;
Há agitação inicial e depois apatia;
Pulsação rápida e fraca;
Ventilação superficial, difícil, rápida ou irregular e ofegante;
Pode existir dilatação pupilar;
Náuseas e vómitos;
Vítima fica inconsciente.


Primeiro Socorro

Deitar a vítima em decúbito dorsal (de costas);
Desapertar-lhe as roupas no pescoço, peito e cintura;
Verificar se está consciente, se ventila, se há sinais circulatórios e, em caso afirmativo, mantê-la deitada, com a cabeça baixa e as pernas levemente levantadas;
Animar e mobilizar a vítima;
Manter a temperatura corporal;
Não dar nada a beber;
Colocar a vítima em Posição Lateral de Segurança no caso de estar inconsciente.





Hemorragias

A maioria das hemorragias envolve mais do que um tipo de vaso sanguíneo. O sangue que sai das artérias é vermelho vivo e esguicha, por isso as hemorragias artérias são as mais perigosas e difíceis de controlar. O sangue que sai das veias flúi uniformemente e possui coloração escura. Quando sai dos capilares o sangue flúi bem devagar.
As hemorragias dividem-se em internas e externas.

- Hemorragias externas
Numa hemorragia externa o sangue que sai dos vasos sanguíneos é visível.

Primeiro socorro

Existem dois processos principais para estancar o sangue de uma hemorragia externa: Compressão Manual Directa (sobre a ferida que sangra) e Compressão Manual Indirecta (sobre o vaso sanguíneo – artéria – responsável pela irrigação da zona ferida que sangra).
Qualquer um dos processos deve ser associado à elevação do membro, se este for o local da hemorragia, mantendo-o mais elevado do que o coração.



Procedimento

o Cobrir o ferimento com firmeza, usando pano limpo (lenço, gaze, compressa, pedaço de toalha, roupa, …);
o Se o penso se ensopar de sangue não deve ser retirado. Coloca-se outro por cima e faz-se uma compressão manual mais forte;
o Comprimir e elevar simultaneamente os membros feridos;
o Se essas medidas não forem suficientes, então é necessário comprimir a artéria afectada um pouco acima da lesão;
o Quando a vítima tem alguma parte do corpo amputada ou dilacerada, as hemorragias podem ser controladas com o uso de torniquete.

Nota: A compressão manual directa não deve ser aplicada caso exista no local um corpo encravado ou uma fractura.

Cuidados no uso de torniquete:

- O torniquete é feito acima da área com hemorragia;



Hemorragia da palma da mão

Primeiro socorro

o Colocar um rolo de pano na palma da mão que deve ser apertado pela vítima (na ausência de corpos estranhos ou fractura);
o Rodar o seu punho de modo a que os dedos fiquem voltados para baixo;
o Colocar por baixo uma gravata larga que irá seguidamente envolver toda a mão, de modo que a ponta do lado do dedo polegar venha a cobrir os seus 4 dedos desde o indicador até ao mínimo e a outra cubra o dedo polegar;
o Puxar para si a mão da vítima, com o antebraço perpendicular ao seu corpo e, alternadamente, puxar as pontas da gravata em sentido contrário, de modo a obrigar os dedos da vítima a apertarem o rolo de pano e atando-as depois à volta do punho;
o Executar a suspensão do membro superior.




- Hemorragias internas
As hemorragias internas podem ser visíveis ou invisíveis.

Quando a hemorragia é invisível só é possível detectar a sua existência pela verificação dos seguintes sintomas e sinais:

Dor no local ou irradiante;
Sede (se houver perda de líquidos em grande quantidade);
Zumbidos;
Gradual dificuldade de visão;
Pulso progressivamente rápido e fraco;
Ventilação progressivamente mais rápida e superficial;
Pupilas progressivamente dilatadas;
Outros sinais e sintomas de choque.

Primeiro socorro

Tem como finalidade estancar a hemorragia ou, se tal não for possível, evitar ao máximo a saída de sangue.


Hemorragia Interna Invisível

Arejar o local para a vítima poder ventilar de forma mais eficaz;
Desapertar as roupas no pescoço, tórax e abdómen;
Animar e moralizar;
Se consciente, instalar a vítima numa posição de conforto, movimentando-a o menos possível;
Se inconsciente, colocá-la em Posição Lateral de Segurança;
Manter a temperatura corporal;
Não dar nada a beber;
Promover a evacuação para o hospital.



Hemorragia Interna Visível

O sangue sai através da boca e provém dos pulmões.

Hamoptisesangue vermelho vivo, espumoso que sai acompanhado de tosse e falta de ar (dispneia).

Que fazer?
Fazer tudo o indicado anteriormente;
Se a vítima estiver consciente, recomendar que esta ventile pausadamente para evitar tossir.

O sangue sai através da boca e provém do tubo digestivo


Hematemesesangue de cor diversa que sai acompanhado de vómito e geralmente de dor abdominal.

Que fazer?
Fazer tudo o indicado anteriormente;
Se a vítima estiver consciente, tentar evitar o vómito;
Colocar um saco de gelo (envolvido com um pano para evitar o contacto directo com a pele) sobre o abdómen;


Epistáxis -O sangue sai pelo nariz

Que fazer?
o A hemorragia pelo nariz pode ser devida a traumatismo craniano. Sempre que haja suspeita desta situação, não tamponar nem fazer compressão digital;
o Colocar a vítima com a cabeça direita no alinhamento do corpo, isto é, nem inclinada para a frente porque aumenta o fluxo do sangue, nem para trás porque o sangue escorre para a garganta e pode provocar uma situação de dificuldade ventilatória;
o Fazer compressão com os dedos polegar e indicados em pinça, apertando as extremidades das narinas, durante cerca de 10 minutos;
o Aplicar frio no local através do uso de gelo não directamente sobre a pele;
o Apenas em último caso, se a compressão digital e o arrefecimento nasal se revelarem insuficientes pode fazer o tamponamento das duas narinas, usando para o efeito uma tira de pano ou gaze, com cerca de 30 cm de comprimento e 1cm de largura, a qual será introduzida com uma pinça em pequenas porções de cada vez, tal como um harmónico;
o Promover o transporte ao hospital, se necessário.






Intoxicações


Em função das manifestações sintomatológicas (sinais e sintomas), consideram-se as intoxicações como:


Agudas

Quando os sinais e sintomas, se revelam num curto espaço de tempo após o contacto do tóxico com o organismo (ex: intoxicação com medicamentos).

Crónicas

Quando os sinais e sintomas aparecem meses ou anos depois, por contacto prolongado com um determinado tóxico.

Consideram-se as intoxicações em função da forma de contacto do tóxico com o organismo, como:

Inalatórias, ex.: inalação de um gás tóxico na atmosfera;
Gastro-intestinais, ex.: alimentos contaminados;
Cutâneas, ex.: pesticidas;
Circulatórias directas, ex.: auto-injecção com opiáceos;
Oculares, ex.: jacto de desodorizante.


Sinais e sintomas


Odor pouco habitual na atmosfera;
Seringa ou caixa de medicamentos vazios;
Grupo de pessoas com sintomas idênticos após refeição.



Primeiro socorro
Actuação geral

· Exame geral da vítima;
· Recolha de informações, obtendo respostas às seguintes questões:

- O quê? (qual o tóxico)
- Como? (qual a via)
- Quanto? (qual a quantidade)
- Quando? (há quanto tempo)
- Quem? (sexo, idade, peso, sintomatologia, factores agravantes da vítima)

CONTACTAR CENTRO DE INFORMAÇÃO ANTI-VENENOS (CIAV)

– 808 250 143 -





Actuação Específica

Via cutânea
- Lavar abundantemente com água corrente e sabão cerca de 20-30 minutos;
- Retirar roupas contaminadas;
- O socorrista deve usar luvas e, eventualmente, máscara.


Via ocular
- Lavar abundantemente com água ou soro fisiológico do canto lacrimal (interno) para o canto temporal (externo).

Via inalatória
- Eliminar a fonte do tóxico, arejando e retirando a vítima do local contaminado.

Via circulatória directa
- Arrefecer localmente;
- Manter a vítima imóvel.





Feridas

Podem classificar-se como:

Superficiais
- Simples – não necessitando de tratamento médico ou diferenciado.
- Complicadas – necessitando de tratamento médico ou diferenciado.

Profundas ou Penetrantes
- Requerem sempre tratamento médico ou diferenciado (podem associar-se a lesões nos órgãos internos).

Deve-se no entanto ter sempre cuidado com qualquer ferida pois eventuais complicações são possíveis:

- Infecção;
- Hemorragia;
- Choque;
- Lesões de nervos e tendões;
- Lesões de órgãos internos;
- Contaminação – doença (ex: tétano e raiva).

Primeiro Socorro

De feridas não requerendo tratamento médico ou diferenciado:

1. Acalmar a vítima falando com ela, saber como se feriu e se tem em dia a vacina contra o tétano;
2. Expor a zona da ferida para se poder observar cuidadosamente (tirar a roupa ou descoser, se necessário);
3. Se necessário, retirar adornos (anéis, fios, …);
4. Nunca falar, tossir, espirrar ou fumar para cima de uma ferida ou penso;
5. Ter mãos e unhas lavadas com água e sabão;
6. Deve lavar / desinfectar a ferida com:
- Água e sabão;
- Solução anti-séptica.

Nota: Não usar álcool ou soluções corantes como mercúrio-cromo e tintura de iodo. Poderão ser utilizadas soluções coradas (não corantes), as quais não impregnarão a pele ou a ferida aquando da sua utilização, dado serem soluções aquosas e não soluções alcoólicas.

7. Colocar um penso e fazer a sua fixação com uma cobertura.

Limpeza

A limpeza de uma ferida deverá ser feita em duas fases:
- Lavagem da zona da pele intacta, perifericamente à ferida, partindo dos seus bordos para a região mais afastada;
- Lavagem da ferida propriamente dita, a qual deverá ser feita do centro desta para o exterior.

Nota: Devem utilizar-se compressas ou panos limpos, sem pêlos. O algodão não é aconselhável.

Penso

- Penso rápido (se a ferida for pequena);
- Penso improvisado, usando compressas ou panos limpos sem pêlos, fixando-os depois com adesivo, ligaduras ou lenços triangulares.

No caso de feridas que requeiram tratamento médico ou diferenciado (ex: na boca, nariz, pescoço, olhos, órgãos genitais ou quaisquer feridas extensas e/ou profundas):


- Proceder como indicado no 1º socorro de 1 a 4;
- Não lavar/desinfectar;
- Proteger a ferida com compressas ou panos limpos e secos;
- Efectuar a cobertura;
- Promover transporte para o hospital.


Casos Especiais

- Avaliar a necessidade de ser feito reforço da vacina antitetânica, caso as circunstâncias da ferida o exijam;
- Se existe objecto encravado (faca, vidros, etc.) nunca se retira. Fazer uma protecção com rodilha (s), para que o objecto não alargue os bordos da ferida ou se afunde mais e fixar com cobertura.
- Se o objecto estranho está nos olhos, tentar retirá-lo com um fio de água corrente, do canto interno para o externo. Se não sair, fazer um penso oclusivo e vendar os dois olhos;
- Em feridas profundas no tórax, fazer tamponamento impermeável;
- Em feridas nas articulações com suspeita de lesão de nervos, músculos ou tendões, fazer penso na posição em que se encontrem os membros e imobilizar na mesma posição;
- Em feridas no abdómen, proteger com compressas ou panos limpos sem pêlos.





Queimaduras

Provocadas por:

- Fogo;
- Atrito;
- Fricção;
- Líquidos a ferver;
- Vapores;
- Electricidade;
- Radiações solares;
- Frio;
- Produtos químicos (ácidos e substâncias alcalinas).

A classificação da gravidade de uma queimadura depende dos seguintes factores
:

- Profundidade de pele queimada (grau);
1º GrauA pele está vermelha (eritema), quente, seca, dolorosa e sente-se ardor; é uma lesão à superfície da pele;

2º GrauEnvolve também a pele em maior profundidade a qual fica igualmente vermelha, quente, seca com ardor e dor, aparecendo bolhas (flictenas) que têm no seu interior um líquido (plasma);

3º GrauHá destruição da pele e de outros tecidos adjacentes, podendo chegar à carbonização. Poderá haver destruição das extremidades de nervos sensitivos. Todavia, à volta da queimadura podem existir terminações nervosas não atingidas o que causará bastante dor (queimaduras do 1º e 2º grau).


- Extensão
Quantidade de pele queimada.
Um indivíduo com um terço da sua pele queimada poderá morrer em consequência das lesões decorrentes da queimadura.

- Localização
Queimaduras na face, pescoço, tórax, órgãos genitais e articulações são sempre graves, independentemente do seu grau.

- Idade
É considerada mais grave nas idades extremas (crianças e idosos).

Complicações

ChoqueDevido a dor violenta e perda de plasma quando esta se verifica. Frequente nos grandes queimados.
InfecçãoFrequente nas queimaduras do 2º e 3º grau pela destruição da pele (perda da defesa contra as infecções).

Primeiro Socorro

Em caso de queimaduras muito extensas:
Não despir, nem arrancar a roupa. Arrefecer imediatamente para aliviar a dor e parar o processo da queimadura;
Cobrir a zona ou toda a vítima com um lençol limpo sem pêlos, levemente humedecido e depois tapá-la com um cobertor;
Prevenir o choque e a hipotermia;
Promover o transporte para o hospital.


Em caso de queimaduras pouco extensas:

1º Grau Arrefecer o mais possível até desaparecer a dor por completo, colocando sobre a zona atingida compressas ou panos limpos sem pêlos, molhados com água fria ou com gelo. Também se pode colocar a área lesada debaixo de água corrente, fria, pelo menos 10 minutos. Após o arrefecimento, colocar um creme hidratante, neutro e sem corantes (ex: creme nívea). Não colocar gorduras.

2º GrauArrefecer com água o mais fria possível. Se necessário promover a evacuação da vítima para o hospital. Não rebentar as bolhas.

3º GrauArrefecer com água o mais fria possível.

Casos Especiais

Queimaduras nos olhos
- Lavar demoradamente com um fio de água corrente, do canto interno para o externo. Deixar o globo ocular humedecido. Colocar a vítima num ambiente com pouca luz, a fim de evitar a colagem das pálpebras. Não fazer penso oclusivo.

Queimaduras nas articulações e em zonas de contacto
- São locais onde a pele queimada pode ficar em contacto com a pele também queimada, o que pode originar colagem. Assim, em todos estes pontos, deve-se interpor compressas ou panos limpos, sem pêlos e molhados para se evitar a colagem.


Queimaduras provocadas por produtos químicos
- A vítima é colocada rapidamente debaixo de água corrente, de preferência chuveiro, completamente vestida. A roupa é retirada durante o duche, o qual deve demorar de 15 a 20 minutos. Cobrir a vítima e promover o seu transporte ao hospital.

Coberturas

Todos os pensos colocados sobre feridas ou queimaduras têm de ser ficos com coberturas.

As coberturas podem ser executadas, utilizando:
- Lenços triangulares;
- Ligaduras.

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